Blues
O blues
foi criado no final do século XIX nos Estados Unidos, onde os escravos,
que trabalhavam nas plantações de algodão, entoavam cantos e lamentos
que deram origem ao estilo chamado “Blues”. Era uma música gospel
cantada, até porque as precárias condições não permitiam o “luxo” de se
utilizar instrumentos. Depois, esse estilo entrou na igreja, onde
“embalava” os cultos ali praticados.
O blues se desenvolveu com o passar dos anos, influenciando e dando origem a outros estilos como o jazz, o rock, o soul, etc.
Mas afinal, o que é blues?
O que todo mundo conhece como blues é a sequência:
Primeiro grau, Quarto grau, Primeiro grau, Quinto Grau, Quarto grau, Primeiro grau.
Resumidamente, essa é a sequência mais simples e fácil que caracteriza um blues. Vamos agora enxergar isso direitinho com os compassos, definindo quando tempo se repousa em cada grau:
| Primeiro grau | Primeiro grau | Primeiro grau | Primeiro grau |
| Quarto grau | Quarto grau |
| Primeiro grau | Primeiro grau |
| Quinto grau | Quarto grau | Primeiro grau |1º grau, 5º grau|
Obs:
Geralmente finaliza-se a sequência colocando o quinto grau (em laranja)
na metade do último compasso, antes de voltar a repetir tudo de novo.
Veja e ouça no arquivo do Guitar Pro abaixo
essa estrutura típica de blues, pois ficar só de lero-lero aqui ninguém
merece! Nesse exemplo, estamos tocando Sol como o primeiro grau.
Como tocar blues
A base desse arquivo foi construída da seguinte forma:
| G7 | G7 | G7 | G7 |
| C7 | C7 |
| G7 | G7 |
| D7 | C7 | G7 |G7 D7|
Repare como os acordes desse exemplo são todos com sétima. Isso é uma peculiaridade do blues.
Outro detalhe é que o blues contém exatamente 12 compassos. Basta
contar os compassos que descrevemos antes ali em cima e conferir.
Muito bem,
repare que começamos com 4 compassos no primeiro grau. Depois, temos
dois compassos no quarto grau e então retornamos para o primeiro grau
fazendo mais dois compassos nele. Aí vem o momento “clímax”, onde a cada
compasso, tocamos um grau diferente: quinto grau, quarto grau e
primeiro grau. Para finalizar, dividimos o último compasso em duas
partes, tocando o primeiro grau e o quinto grau dentro dele, para então
começamos tudo de novo.
Resumindo,
podemos definir o blues como sendo uma estrutura de 12 compassos onde
brincamos com 3 acordes (primeiro, quarto e quinto graus), todos com
sétima.
Essa é uma
definição bem simplista e não abrange todas as variações do blues, mas
já que esse tópico é apenas introdutório, essa definição ajuda a
memorizar o básico sobre o estilo.
Bom, uma
outra forma de construir esse blues que mostramos é, em vez de tocar 4
compassos no primeiro grau, tocar 1 compasso no primeiro grau, 1
compasso no quarto grau e 2 compassos de novo no primeiro grau. Assim,
em vez de ficar 4 compassos no mesmo acorde, variamos um pouco tocando
também o quarto grau em um compasso. A estrutura fica então assim:
| Primeiro grau | Quarto grau | Primeiro grau | Primeiro grau |
| Quarto grau | Quarto grau |
| Primeiro grau | Primeiro grau |
| Quinto grau | Quarto grau | Primeiro grau | 1º grau, 5ºgrau|
Note que a
única alteração que fizemos foi no segundo compasso, que antes era
Primeiro grau e agora passou a ser Quarto grau. Ouça e acompanhe essa
estrutura no arquivo do Guitar Pro abaixo.
Como improvisar no blues
Legal, agora que já sabemos o básico sobre como se faz um blues, é hora de saber como se improvisa
em cima de um blues. Existem muitos, muitos e muitos recursos para se
utilizar cima de um blues. Nesse tópico iremos nos restringir a apenas
um: escala pentatônica.
Mais para frente, depois que você tiver estudado outros tópicos e
dominando bem outros assuntos, iremos retornar ao blues explorando
recursos mais avançados, possibilitando que você se torne um mestre do
blues. Por enquanto, contente-se em ficar na escala pentatônica e
aprenda bem a utilizá-la. Aliás, 99% dos músicos não faz nada além de
pentatônica na hora de improvisar um solo blues, porque não sabe nada além disso.
Então
vamos lá, qual escala pentatônica nós podemos utilizar para improvisar
no blues? A escala pentatônica menor do primeiro grau. Por exemplo, na
base anterior que trabalhamos, o primeiro grau era Sol, então você vai
utilizar a escala pentatônica menor de Sol. Pronto, é só isso! Agora
pegue essa base anterior que criamos e seja feliz aplicando a escala
pentatônica menor de Sol em cima dela!
Claro que vamos dar uma forcinha para te
ajudar a ter ideias. Segue abaixo um exemplo de solo em cima das bases
anteriores que fizemos. Observe bem as ideias utilizadas e crie também
as suas!
Obs:
Utilize a escala pentatônica em todo o braço do instrumento! Isso vai
fazer de você um ótimo improvisador, alguém que explora todos os espaços
possíveis. Confira os desenhos no final do artigo “escala pentatônica” para estudar essa escala em toda a sua extensão.
Talvez
você esteja pensando “Por que podemos utilizar a pentatônica menor do
primeiro grau?” “De onde surgiu essa regra?” Bom, a explicação para isso
é um pouco complexa. Por enquanto, apenas tome como regra e pratique
dessa forma. Futuramente, estudando aqui pelo site, você vai chegar às suas próprias conclusões graças a uma bagagem maior de conceitos adquiridos, fique tranquilo.
Legal, você completou nosso estudo inicial sobre blues. Pratique agora seus solos baixando esse backing track: blues tradicional em E7.
Utilize a escala pentatônica de Mi menor nessa base.
Não pare
de praticar o que aprendeu. O processo de fluência e domínio sobre
qualquer assunto na música é longo e exige dedicação; mas também é muito
divertido! Empenhe-se e você irá colher os frutos! Se você não conhecia
o blues, esse aprendizado certamente será muito
importante para sua musicalidade.
Agora é sua vez de ficar muito tempo
em cima do instrumento praticando e curtindo esse estudo.
(Fonte: Descomplicandoamusica)