Há muito tempo a utilização de técnicas eletrônicas já se tornou parte do mundo da música. Desde grupos focados puramente nas vertentes da música eletrônica até aqueles cuja produção depende de instrumentos acústicos, como bandas de rock, costumam utilizar constantemente alguma espécie de equipamento que possibilita obter sons e efeitos totalmente diferentes daqueles encontrados naturalmente.
A imagem comum que muitas pessoas fazem de música eletrônica é de algo produzido exclusivamente em estúdio, em que o computador desempenha um papel central e poucos instrumentos reais são utilizados. Grupos assim até existem, mas os avanços da tecnologia permitem que seja cada vez mais fácil trazer toda essa experiência para apresentações ao vivo.
A evolução no hardware dos computadores e nos equipamentos disponíveis fez com que surgisse uma situação inédita: em vez de a tecnologia ter de se adequar os instrumentos, cada vez mais surgem novas ideias de instrumentos que têm como objetivo aproveitar avanços recentes no mundo da informática.
Nos próximos anos deve-se ver a popularização de instrumentos cada vez mais incomuns, que aproveitam de tecnologias como telas de toque e se unem ao computador para ampliar as possibilidades sonoras existentes.
É claro, isso não significa que os tradicionais violões, guitarras e baterias entrarão em extinção, mas sim que a produção sonora mundial fique ainda mais rica.
Este artigo do Baixaki apresenta algumas das ideias mais inusitadas que surgiram nos últimos anos e que têm tudo para representar uma verdadeira revolução no jeito de fazer música. Acompanhe abaixo a lista que reunimos, e não deixe de postar sua opinião em nossa seção de comentários.
O futuro da música passa pelo computador
O primeiro ponto que deve ficar claro quando falamos de novos instrumentos musicais é que a maioria deles se concentra somente na produção de música eletrônica. Mas calma, não é preciso se desesperar e achar que gêneros como o rock ou o blues vão desaparecer.
É só ver que, até a década de 1970, diversas técnicas empregadas na música eletrônica, como samples, loops e distorções eram utilizadas pelos mais diferentes estilos sem que houvesse nenhum tipo de distinção. O rock progressivo é um dos estilos mais beneficiados por esses efeitos, basta lembrar o álbum Dark Side of the Moon, um dos maiores clássicos do Pink Floyd.
A música eletrônica como ficou popularizada é resultado de somente uma das formas com as quais instrumentos eletrônicos podem ser empregados. Porém, por questões mercadológicas, grupos considerados eletrônicos acabaram sendo somente aqueles cujo som segue o feito por pioneiros como o Kraftwerk, Depeche Mode e New Order.
A partir da década de 1990, com os avanços de tecnologia que possibilitaram a aparição de computadores pessoais poderosos a preços acessíveis e softwares mais avançados, já é possível produzir músicas sem nenhum vínculo com um instrumento tradicional.
Qualquer usuário, seja ele profissional do mundo da música ou não, tem à disposição uma imensa quantidade de programas, samples e efeitos sonoros disponíveis na internet. Basta uma pesquisa rápida em qualquer sistema de busca para começar a trabalhar em composições e, quem sabe, criar algo nunca visto antes.
Porém, a transferência para o computador mostra limitações no que diz respeito à interface: por mais que seja possível obter uma série de efeitos diferentes, a utilização do conjunto mouse e teclado se mostra muito limitada, especialmente quando o objetivo é alternar com velocidade entre diversas notas e efeitos.
Para resolver esses problemas foram criados os instrumentos listados abaixo, que, embora em sua maioria não dispensem o computador para funcionar corretamente, proporcionam maneiras totalmente novas de criar e tocar músicas. Reactable, Eigenharp e Tenori-On parecem nomes estranhos, mas têm tudo para ficarem conhecidos como instrumentos populares nos próximos anos.
Eigenharp
À primeira vista, esta criação dos ingleses da Eigenlabs pode parecer uma mistura bizarra entre teclado, bateria e saxofone. Porém, bastam algumas demonstrações para ver o quanto este instrumento é versátil e capaz de emular perfeitamente os mais diversos tipos de efeitos e sonoridades.
Com 133 teclas totais (120 no painel principal, 12 para efeitos de percussão e 1 para acionar a função mudo), o Eigenharp funciona a partir de samples pré-programados e permite a utilização de até 2000 samples por minuto de forma simultânea. Cada uma das teclas é sensível à pressão e permite três ajustes diferentes para controlar intensidade e timbre do som.
O Eigenharp permite, com o simples apertar de um botão, alterar entre diversas bases de samples diferentes, além de acionar loops pré-programados. Além disso, o instrumento é capaz de gravar e reproduzir todos os sons realizados, o que abre várias possibilidades para quem gosta de improvisar durante as canções.
O instrumento também incorpora a tecnologia tátil encontradas em fingerboards, que permite alterar a afinação ou alterar a intensidade de um sample. Isso sem contar com o bocal, no qual um assopro pode adicionar diversos efeitos às notas reproduzidas.
É claro, toda esta tecnologia de ponta possui um preço pouco compatível com a maioria dos usuários: cerca de 5000 euros. Há dois modelos mais simples que possuem um preço reduzido, nenhum deles tão versátil quanto a versão completa.
Misa Digital Guitar
A Misa Digital Guitar não tem o objetivo de substituir as guitarras tradicionais, mas sim ampliar as possibilidades de efeitos que podem ser utilizadas com o instrumento. Afinal, por melhor que se emule uma guitarra, o som único do instrumento analógico depende muito do tipo de madeira e cordas utilizadas.
O foco da Misa Digital Guitar é nos efeitos sonoros que podem ser adicionados. Embora uma guitarra tradicional possa sofrer a ação de efeitos com a utilização de pedaleiras, normalmente a troca deles é um processo pouco intuitivo, que exige foco em outra atividade que não simplesmente tocar.
O painel multitouch da Misa elimina o problema ao permitir que o usuário acesse uma série de efeitos simplesmente tocando a mão direita no lugar correto. Isso permite adicionar diversos efeitos simultâneos com muita simplicidade e amplia o número de timbres disponíveis.
O instrumento funciona de forma semelhante a um controlador MIDI, ou seja, é preciso que o usuário adicione quais samples deseja utilizar. Para isso, é necessário que o instrumento esteja conectado a um computador, responsável por traduzir os pontos pressionados em sons.
Reactable
Como o nome já diz, a reactable é uma espécie de mesa sensível a diversos toques simultâneos nas quais os usuários colocam objetos que são interpretados como diferentes sinais musicais. Dependendo da figura presente em cada objeto, como um retângulo ou um círculo, é possível obter variedades diferentes de som e acionar efeitos como ecos ou loops.
A reactable é constituída de um painel sensível ao toque no qual são projetados vídeos vistos pelo usuário através da superfície oposta. Além do projetor, na parte de baixo da mesa está presente uma câmera de vídeo que envia os sinais presentes nos objetos colocados sobre a superfície para um computador, responsável pela reprodução do som.
O segredo para que o instrumento seja capaz de produzir sons está nos objetos especiais chamados tangibles. Debaixo de cada um deles estão localizados sinais semelhantes a um código de barras, que são captados pelas câmeras localizadas embaixo do instrumento.
Cada tangible gera um efeito diferente na tela, como círculos ou quadrados que se formam em volta, e permitem alguma espécie de interação com o usuário. Alguns artistas como a cantora Björk já incorporaram o instrumento aos seus shows, utilizando-o tanto como atração sonora quanto visual.
Tenori-On
O Tenori-On possui uma interface totalmente nova se comparada aos instrumentos normalmente utilizados para a geração de música eletrônica. Constituído por uma matriz 16x16 feita por leds emissores de luz, permite que qualquer um tenha bons resultados sonoros, mesmo sem nenhum treinamento teórico.
Quando o usuário pressiona algum dos leds, ele emite um pulso luminoso que, ao chegar aos cantos da tela ou colidir com outros leds iluminados, emite um som. Segurar o dedo sobre um led durante alguns segundos torna a luz emitida fixa, o que permite trabalhar com diversos loops.
O destaque do produto é possibilitar o uso intuitivo por qualquer usuário, embora dominar todas as possibilidades oferecidas exija boa memória e treino. Para conferir algumas das funções básicas do instrumento, basta acessar o site inudge, que funciona de forma semelhante.
iPhone
Até mesmo o popular telefone touchscreen da Apple pode ser utilizado como um verdadeiro instrumento musical, basta instalar algum dos diversos aplicativos disponíveis para o aparelho. Claro, a maior parte não passa de curiosidade, mas é possível encontrar softwares sérios que aproveitam muito bem da tela sensível e do acelerômetro do celular.
Um dos exemplos mais conhecidos é o Ocarina, que aproveita da interface tátil do aparelho para transformar o iPhone em uma verdadeira flauta. A intensidade com que o usuário assopra na entrada de som do aparelho determina o volume do som e, dependendo do local onde os dedos estão, um efeito sonoro diferente surge.
Fonte: (tecmundo.com.br/musica)
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